segunda-feira, 7 de março de 2011

Considerações sobre as transmissões de futebol no Brasil

Os clubes do eixo Rio – São Paulo monopolizam as transmissões de futebol por terem maior torcida, ou têm maior torcida por monopolizarem as transmissões de futebol?
No último final de semana, teve início a maior parte dos campeonatos estaduais no Brasil. Em termos de qualidade técnica, eles deixam muito a desejar. Ainda mais se levarmos em conta sua longa duração em Estados com clubes de maior tradição, que disputam as Séries A e B do Campeonato Brasileiro – competição que poderia ter início mais cedo, com menos jogos durante a semana, poupando os atletas de maior desgaste.
O que justifica a manutenção dos campeonatos estaduais atualmente? Podemos citar vários motivos. Mas um dos principais é a possibilidade de se ver os principais clubes dos Estados (que geralmente são das capitais) jogando em cidades do interior – o que dificilmente aconteceria se não existissem os estaduais. Um outro bom motivo, é a maior exposição midiática dos clubes locais. Afinal, só durante o Campeonato Gaúcho (por exemplo) é possível assistir a vários jogos de Grêmio ou Internacional na televisão aberta (pois no Brasileirão a “preferência” da televisão é pelos clubes do eixo Rio-São Paulo), assim como de clubes do interior, que têm nos estaduais a única chance de “aparecerem na TV”.
Porém, engana-se quem pensa que em todo o Brasil o torcedor pode assistir aos jogos do clube de seu Estado pelo menos nos campeonatos estaduais. Basta uma olhada no “mapa dos estaduais” que a Rede Globo disponibiliza em sua página, para perceber que apenas dez das 27 unidades da federação têm seus campeonatos transmitidos pela principal emissora do país.
E o pior nem é isso. Dos dez estaduais transmitidos, oito são apenas para os Estados aos quais correspondem (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais, Goiás, Bahia, Pernambuco e Ceará). Os outros dois campeonatos (Campeonatos Paulista e Carioca) são transmitidos não só para São Paulo e Rio de Janeiro, como para vários outros Estados. Ou seja, o torcedor do Paysandu – que costuma lotar o Mangueirão em Belém – não pode ver seu time na Globo, pois tem jogo do Flamengo…
Por que tal absurdo? Vejamos o que diz a própria Globo: Os dez estaduais serão mostrados para seus respectivos estados. Os dois principais – Paulista e Carioca – também terão transmissão para lugares próximos e que tenham torcedores dos respectivos clubes.
A escolha de um clube de futebol para se torcer vai além da mera questão futebolística. Como diz Arlei Sander Damo, “torcer por um clube de futebol é participar ativamente da vida social, construindo identidades que extrapolam o indivíduo, a casa e a família”*. Assim, existem vários motivos pelos quais alguém escolhe um clube para torcer, mas basicamente ligados à questão da coletividade na qual esta pessoa está inserida.
Um deles é a presença de grande número de migrantes de outras regiões – como aconteceu com a “diáspora gaúcha” pelo oeste de Santa Catarina e do Paraná, além da região Centro-Oeste, que não só difundiu os costumes do Rio Grande do Sul por essas regiões, como também ajudou a aumentar o número de torcedores da dupla Gre-Nal fora do Estado.
Mas a mídia também tem forte influência sobre a escolha clubística. O que explica o fato de rio-grandinos como o meu falecido avô paterno terem sido torcedores de clubes cariocas (ele era flamenguista): à noite era fácil sintonizar as rádios do Rio de Janeiro, devido à proximidade com o mar. Afinal, um clube que tinha seus jogos transmitidos pelas rádios da então capital nacional era considerado como mais importante do que aquele que se limita às páginas de um jornal de uma cidade menor.
O papel que antes era exercido pelo rádio hoje cabe à televisão. Aí voltamos ao “mapa dos estaduais” da Globo: os campeonatos paulista e carioca são transmitidos para várias partes do Brasil porque os clubes de São Paulo e Rio têm muitos torcedores fora de seus Estados. Mas, será que o grande número de, por exemplo, flamenguistas no Amazonas, não se deve também ao fato de que os torcedores locais não poderem assistir aos jogos dos clubes amazonenses na televisão? (Vale lembrar que em Manaus será erguido um estádio novo para a Copa do Mundo de 2014… Que obviamente virará um “elefante branco”, já que a maioria dos manauenses torce por clubes de outros Estados.)
Aliás, para sermos honestos, o mesmo raciocínio serve para o interior do Rio Grande do Sul: como a transmissão do Gauchão prioriza os jogos da dupla Gre-Nal, são poucos os clubes de fora de Porto Alegre que têm torcidas significativas – e mesmo na capital, o São José continua a ser um “clube de bairro” depois de quase 100 anos de história, e o Cruzeiro irá se mudar para Cachoeirinha.
E também explica por que muitos esportes não conseguem se desenvolver no Brasil: por não terem maior visibilidade midiática, os praticantes não conseguem patrocínio. E como o futebol (masculino) “dá mais audiência”, os anunciantes optam por ele, emperrando o crescimento de outras modalidades, inclusive nas quais o país tem potencial para ser vitorioso.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Niveis de Rivalidade no Fotebol


Quando você gosta de futebol e tem um time de coração, você não canaliza as suas energias apenas para torcer pelo seu clube: é preciso reservar um tempo para secar o rival. Todos os times do mundo tem um rival, e todas as rivalidade seguem esse mesmo princípio, mas há algumas variações que vão além do endereço.

Os torcedores do Internacional hoje torceram pelo Liverpool do Uruguai, afinal, essa equipe cisplatina enfrentou o Grêmio. Certamente, uma derrota gremista faria Porto Alegre ficar mais vermelha amanhã: os tricolores ficariam vermelhos de vergonha, e os colorados sairiam contentes com as suas camisas alvirubras pelas ruas a fim de provocar. Não faltam métodos criativos para zombar, trocadilhos infames para constranger o torcedor do time adversário, e no caso da dupla GreNal, a rivalidade tem alto nível, pois são duas equipes gloriosas. Os gremistas provocam os colorados porque esses foram eliminados pelo Mazembe, da República Democrática do Congo, no mundial de clubes, e os colorados se frustraram porque perderam a oportunidade de sacanear o Grêmio, já que ele passou, com alguma dificuldade, pelo Liverpool uruguaio, e garantiu vaga para a fase de grupos da Libertadores.

Em Belém, a torcida do Paysandu entoa no Mangueirão, nos dias de jogo contra o seu rival Remo, o grito "Puta que pariu, Libertadores o Remo nunca viu". Para os torcedores do Papão, ver Libertadores é ter participado, e de fato, o time da Curuzu é o único da região Norte a ter chegado lá, em 2003, quando foi eliminado pelo campeão daquela edição, o Boca Juniors. Já os santistas, palmeirenses e são-paulinos entoam o mesmo grito em direção ao Corinthians "Puta que pariu, Libertadores o Corinthians nunca viu", apesar de o time do Parque São Jorge já ter disputado muitas Libertadores. É que, para o nível de rivalidade na terra da garoa, ver Libertadores é ter colocado a mão na taça. Isso comprova que o ponto de vista sobre o que é ver varia de região para região, pelo menos se o assunto for futebol.

Na Bahia, O Vitória dominou a década de 2000, conquistando oito dos dez Baianões possíveis. Também fez grandes campanhas em Copas do Brasil, sendo semifinalista em 2004 e finalista em 2010, sem falar que o rival Bahia ficou por muito tempo na segundona. No entanto, o torcedor tricolor se agarrava a alguns argumentos que julgava convincentes: terem sido campeões brasileiro, por duas vezes, 1959 e 88, e terem uma torcida mais fiel. Agora, quem carece de argumentos são os rubronegros: ainda amargando a subida do Bahia e pouco depois, o seu rebaixamento para a Série B, o Vitória continua sem ter conquistado um título nacional e sem ter disputado Libertadores. As provocações entre os dois times são carentes, pois conquistar um Brasileirão, em muitas regiões, é requisito básico para entrar na discussão, o que dirá então um time que nunca conseguiu vaga para a Libertadores, que se vangloriou por tanto tempo apenas de se manter na elite do futebol nacional, longe de almejar o título no difícil campeonato de pontos corridos.

Esse é o futebol: amanhã, os corintianos mais fanáticos precisarão fazer um esforço enorme para levantar da cama, e os colorados levarão consigo a frustração de não ter se concretizado o seu desejo de poder sacanear o rival. Enquanto isso, a vida continua, afinal, isso é só um jogo... Que para muitas pessoas vale mais do que a própria vida

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Futebol: O Mundo Grita Gol

O futebol é considerado o jogo de bola mais popular do planeta. É uma paixão de longa data, mas seu regulamento moderno só aparece a partir de 1863, com a criação da Associação Inglesa.
No Brasil, o futebol chegou em 1894, na bagagem de Charles Miller. Ele era um jovem paulista que foi estudar na Inglaterra e trouxe bolas, uniformes e um livro de regras. Miller jogou pelo São Paulo e foi o primeiro astro do futebol brasileiro.
O futebol entrou no programa olímpico em Paris, em 1900. A primeira Copa do Mundo aconteceu no Uruguai, em 1930. O Brasil disputou todas as Copas e estreou nos jogos Olímpicos em Helsinque, em 1952.